Geral q2ir
Em Araranguá, leis auxiliam nas condições de vida dos autistas w5e6a

O município de Araranguá foi pioneiro no Extremo Sul Catarinense na criação de leis que auxiliam nas condições de vida dos autistas – estimados em mais de 200 crianças. Desde 2018 a cidade possui legislações que auxiliam na conscientização sobre o tema, onde segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), aproximadamente um por cento da população mundial possui Transtorno do espectro autista (TEA), caracterizado pela dificuldades na comunicação, manuseio de objetos, e nas relações sociais, apresentando irritação com relação a sons, ruídos e vozes. Geralmente a doença é diagnosticada após o primeiro ano de vida do bebê.
Uma dessas leis municipais de Araranguá é a 3572/2018, que criou a semana municipal do autismo e instituiu a política municipal de atendimento aos direitos das pessoas com transtorno de espectro autista. A outra lei é a 3575/2018, que obriga estabelecimentos públicos e privados inserir nas placas de atendimento prioritário o símbolo mundial do autismo.
O autor do projeto de lei, que hoje é uma realidade, foi o vereador Jair Anastácio (PT). Para ele o tema possui um apelo popular. “Somos representantes do povo dentro da Câmara de Vereadores e essa legislação surgiu da população, a partir da organização de pais que possuem filhos com autismo”, falou.
Para os engajados na luta, como o presidente da recém criada Associação dos Pais e Amigos dos Autistas do Extremo Sul Catarinense (Amaesc), Luís Vicente Costa, as leis representam conquistas, mas ainda falta fiscalização. “Todas essas leis promovem a inclusão e a conscientização, pois o autismo começa a ser conhecido e respeitado. A lei de maior valia para nós é a que trata sobre o atendimento prioritário, pois além de dar esse atendimento preferencial, com a implantação do símbolo autista, os araranguaenses am a conhecer a nossa marca mundial e respeitar quem possui esse diagnóstico. Porém, vale ressaltar, que infelizmente não possuímos uma fiscalização firme sobre essa importante lei”, relata o presidente.
Vicente Costa acredita que falar de autismo é falar de qualidade de vida. “Faz-se necessário que a sociedade conheça e fale sobre o autismo. Os cidadãos precisam incluir, respeitar e aprender a conviver com as adversidades. Nossa associação hoje oferece vários serviços, como musicoterapia, atendimento fonoaudiológico e psicológico para autistas e familiares. Buscamos por meio da Amaesc, que autistas e seus familiares possam se sentir amparados, que entendam sobre o que está por vir, ou entender o que está se ando”,
Para a araranguaense Maria Peron, mãe do Emanuel de dois anos e nove meses, as leis municipais corroboram com a vida do pequeno. “O autismo é um diagnóstico diferente: meu filho possui um problema de socialização e enfrentar uma fila com muitas pessoas, o barulho causa a ele muita dificuldade. Muitas vezes preciso sair do interior onde eu moro para ir ao centro da cidade e não sei qual será a reação dele em meio ao público. Quando vamos em algum local que possui a marca do autismo no atendimento preferencial eu fico mais tranquila, em outros, fico apreensiva”.
Mas para ela, Araranguá precisa avançar em atendimentos mínimos ao autista, como a reserva de vagas de estacionamento. “Boa parte dos autistas possuem uma carga de problemas, ele não possui só o autismo. O Emanuel, por exemplo, tem oscilação de humor, o que faz ele querer sair repentinamente do carro em alguns momentos. É necessário avançar”, falou Maria.
