Na Câmara de Araranguá, kits escolares entregues pela prefeitura causa discussão acalorada e vereador usa de ‘palavrão’ no plenário 4s2i1g

Sob a condução de uma nova Mesa Diretora, o clima da Câmara de Vereadores de Araranguá está cada dia mais tenso. As sessões do Legislativo Municipal estão se tornando polêmicas, com direito a discursos inflamados, com direito a palavrão em meio à sessão.

Na quarta-feira (15), o debate da palavra livre iniciou com a fala do líder do governo Cesar Cesa (MDB), Pedro Paulo de Souza, o Paulinho (PSD), que apresentou no telão da casa imagens dos kits escolares que estão sendo fornecidos pelo município. “Hoje eu queria falar sobre educação: chegaram mochilas, kits escolares, inclusive quero ver com a secretária de Educação se ela disponibiliza um kit para permanecer por 15 dias na Câmara para que os colegas possam verificar se o material é de qualidade. Além disso, chegou duas carretas de parques infantis, que estão levando para as creches. Chegaram tênis, meias, mochilas. Há mais de 20 anos é a primeira vez que o prefeito faz um investimento grande e trata com respeito a educação”, pontuou.

Seguindo o debate, o vereador de oposição, Nelson Soares (PDT) questionou o vereador sobre quando o kit foi entregue. “Eu fiquei na dúvida se os materiais foram entregues quando começaram as aulas ou se foram entregues nesta semana. Já fazem 30 dias que iniciaram as aulas no setor público”, alegou.

O líder do governo rebateu, afirmando que há muitos anos o kit não era entregue. “Eu estou há 20 anos e é a primeira vez que vejo um prefeito cumprir esse compromisso e vossa excelência está preocupado com trinta dias?”, disse.

Nelson Soares afirmou que sua cobrança não possui maldade e que ele cumpre sua missão de fiscalizar. “Eu gostaria que, quando iniciasse o ano letivo, estivesse lá o material didático, os kits escolares, o uniforme, e que as escolas estivessem preparadas para receber os alunos. Eu acho que não há problema em cobrar isso do governo. Se não tem a capacidade de entregar no primeiro dia de aula, não é culpa minha, nem das crianças, mas um dever do governo entregar no primeiro dia de aula. É bem claro o esforço do governo com a educação, mas é meu dever como vereador fiscalizar e cobrar”, disse.

O vereador Diego Pires defendeu o debate iniciado pelo seu colega de partido. “Se tem alguns vereadores que podem falar de educação, eu sou um deles. Eu denunciei a istração anterior na promotoria e construí uma creche no meu bairro. Vocês tem que parar de fazer campanha para o Mariano, vocês são muito chatos, tudo quanto é debate é o Mariano. Falem o que vocês têm de bom. Vamos falar da atualidade, o prefeito é o César e o vice é o Tano. Há dificuldades e os vereadores vão cobrar, se não cobrar, não é democracia é monarquia, é o príncipe e o rei”.

Ainda no debate, Paulinho disse que se o vereador quer fiscalizar ele deve indagar na Câmara de Vereadores irregularidades envolvendo uma instituição de ensino que é comandada por um dirigente partidário do PDT, partido de Nelson e Diego. “Sugiro que ele [vereador Nelson] faça um pedido de informação que envolve o partido dele, sobre a questão do convênio das bolsas, que o município terá que devolver aos cofres públicos”..

Diego Pires criticou a fala do vereador. “Acho que tu pegou pesado. Você está falando do Airton de Oliveira, eu e o Nelson, não somos ele. Vocês que cobrem na justiça e se tiver culpa tem que fazer devolver. Parem de conversar fiado. Não vem jogar pra cima do vereador Nelson e do Diego. Eu não sou o Barão”.

Paulinho finalizou o debate dizendo ”Em nenhum momento falei do Airton de Oliveira, o Barão, meu amigo pessoal. Eu só sugeri um pedido de informação”, falou.

Nelson, ainda na defensiva, defendeu o dirigente partidário. “Quem ficou inflamado foi a base. Em relação à faculdade, o senhor era vereador naquele momento e se tinha irregularidades, devia ter apresentado requerimentos e pedidos de informação. Se há irregularidades, que se faça justiça”.

Outros vereadores se manifestaram no assunto durante a sessão, porém, ainda magoado com a fala do vereador Paulinho, Diego Pires decidiu usar expressões de baixo calão e foi ameaçado de ter seu microfone cortado pelo presidente do Legislativo. “A política é dinâmica, hoje o Paulinho está no PSD, o vice-prefeito é do PSD. Ele não vai ficar no partido. Tu vem aqui fazer analogia com Airton de Oliveira. Hoje eu estou no PDT, mas posso não estar. O que tu não pode é jogar para a torcida. Se tem alguma prestação de conta, alguma coisa errada, não jogue em cima do Nelson e do Diego. Se começar com essa putaria, a merda vai garrar. Não me compare com Airton de Oliveira”, finalizou, sendo em seguida advertido pelo presidente da Casa Legislativa.